Musicas

26 de out. de 2025

Enterrado Vivo

O cansaço me venceu,
Estou incapaz de ouvir, 
E prefiro mastigar vidro a me explicar. 

Meus pensamentos giram.
Giram em torno de si mesmo, 
Parece um encantamento
Mas sem nada de encantador. 

Adoraria dizer que encontro paz em algo, 
Mas é bem o oposto, 
Parece que estou bem treinado, 
Pra encontrar algo na paz. 

Nem silêncio, nem tédio, nem solidão. 
Nada disso acalma minha alma. 
Não tenho ao que recorrer. 

31 de mai. de 2025

Heidegger

Nada é mais belo que a necessidade,

E podes pensar que falo da fome,

Mas não entendes nada.

A beleza dela não pode ser vista,

Tentamos força-la a estar aqui, 

Isso é necessário, aquilo outro... 


Ela não está entre nós. 

Nós mesmos não somos necessários, 

Somos uma opção, 

Uma porção de sua inexistência.


Juramos que a morte é necessária... 

Nem isso! 

A necessidade é sublime, 

É nela que vós tentais agarrar,

Sem sucesso, pois a busca é o tormento. 


Falamos tanto dela, 

Blasfemando. 

O nada. 

Como pode esse ser o o artigo? 

Definido uma ova. 


Não me diga que não tinha notado. 

Sem exceção, todos fingem ter raizes fortes, 

Fingem importância, 

Mas a imanência da contingência nos surta. 

E ela não pode ser ignorada. 

Você não entende o nada. 


A necessidade é sublime, 

É a busca, o tormento, a crise. 

Tudo sem solução, 

Pois os sentidos só acessam contingência. 




13 de mai. de 2025

Fica tudo escuro

Entre céu e inferno,
Prefiro escuridão. 
É melhor apagar do que perdão e rancor. 
Nada de aprendizado, passagem, 
Teste, missão, autoconhecimento...
Nada! Pra que? 
É preferível o vazio.
Um grande e enorme nada. 
Sem organizações, conversas, associações. 
Nada de pactos, ordens e castigos divinos. 
É melhor mesmo o desligar. 

5 de mar. de 2025

Fim do mundo

O mundo acabará em breve.
Enfim a ganância nos ceifará,
Um a um, em pilhas,
A guerra é o alívio dos dominantes,
Bem como a justiça, 
Conveniência dos mais fortes. 

Apatia reina nesse resto. 
Miséria, Praga e Tortura.
A sensação de que é tarde demais,
Tarde demais. 
Ao que deveríamos recorrer? 
Deus morreu. 
E a força dos homens é mera mercadoria. 

Ninguém parece desesperado, 
Alguém realmente entendeu? 
Quem apagou a luz? 
O que explica essa falta de lucidez? 
Somos Ophélia cantando até o suicídio? 
Ou Hamlet perdido em melancolia? 

Ora, esse vazio assola, 
Sendo expremidos até a última gota, 
A morte que nos aguarda não é digna. 
Ouça-me, é um grito. 
Já não há o que fazer. 
Mas estamos fazendo. 

24 de fev. de 2025

Volta.

Se não tem valor pra você, 
Por favor, me devolva. 
Quero meu afeto de volta, 
Quero as declarações, 
Os toques, o cuidado, 
Quero todas as juras que lhe fiz, 
Meu desejo, meus abraços, 
Não aceito ser negado assim. 
Traga também a atenção, 
A paciência e meu tempo, 
As músicas que dediquei a você, 
Meu choro, meu pranto solitário, 
Minhas investidas, meus vexames, 
As noites mal dormidas para te acompanhar, 
Pois foi investimento pesado. 
Se não há amor para mim, 
Seja honesto, meu bem,
Devolve. 

20 de nov. de 2024

Vísceras

Cansado de falar sobre minhas mágoas,

Me assisto em um pretenso silêncio, 

Um silêncio que apenas outros podem escutar.


É uma sinfonia muito aprazível,

O som da agonia sendo sufocada,

Enquanto há ali algum resto de consciência, 

Suplicando a morte, repetidamente. 


Seguirá com um sorriso no rosto, 

Passos calmos, já sem pressa.

Afinal, pra onde ir? 

Depois de morto por dentro. 

18 de jul. de 2024

Acidente.

O tempo me atropelou,
Dilascerou relações e laços, 
Fez do afeto pura lembrança.

É uma tortura, 
Um anseio por novos prazeres, 
Mas uma voz perturbadora me alerta:
"Não será como antes." 

Eu estou envenenado com o sabor da memória, 
E uma memória fajuta, 
Que insiste em mentir pra mim, 
Criando perfeições nunca percebidas. 

Foi sempre dor, 
Por mais que eu não lembre, eu sei. 
Não foi tão bom quanto minha mente mente. 
Minha pior inimiga. 
 
De tanto fugir, não tenho pra onde voltar, 
Dia desses ainda me recupero, 
Sei que o custo é grande. 

O ineditismo ainda me matará, 
Mas não deixa de me surpreender. 

25 de mai. de 2024

Adoraria

É clichê demais querer voltar no tempo,
Mas as lembranças me assombram. 
Não sei bem como chegamos aqui, 
Está tudo tão mudado por fora, 
E ao mesmo tempo, 
tudo tão parecido por dentro,
penso tanto em Ti. 
Jamais imaginei um futuro tão distópico, 
para mim, pelo menos. 
Quem diria, não é mesmo?
O sentimento ainda ferve em mim,
vai passar, me prometeram. 

4 de mai. de 2024

Pensamentos

Estive pensando sobre você,
Sobre eu. 
Sobre o motivo de eu ser tão apegado. 
Olho pra minha vida como uma sequência, 
De instantes, escolhas e perdas. 
Não passa de sofrimento. 
E tudo bem, não estou reclamando. 
Sei bem que não é fácil pra ninguém. 
Mas diante de tudo, 
Se eu me distanciar, 
Pensar um pouco no futuro, 
Na morte em si,
Eu não a temo, as vezes até me cativa, 
Mas foi olhando pra isso que percebi. 
Estar com você. 
Pensar em você. 
Viver com você. 
Isso tudo. 
Faz a minha morte ser triste. 
Faz com que eu deseje viver um pouco mais.
Eu sem você sou só tempo...
Sou morte vivificada. 

Aishiteru. 

22 de abr. de 2024

Algo que eu preciso matar.

Será que você ainda vê?
Quase tudo aqui é sobre você
Mas ando sumido pela falta que você faz. 
Eu adoraria escrever à ti, 
Pelo resto da vida, 
Mas eu sinto que não devo. 
Eu sei que o que sinto incomoda, 
Entendi que não devo insistir,
Eu vou tentar não esperar mais nada. 
Desculpe incomodar.