Epoché!
A vida tem sido dura,
Incrivelmente quero continuar,
Medonha,
Quase insuportável,
Mas sei que a realidade está em meu coração,
e essa realidade não abandonarei,
não brigarei com o mundo.
Por mais que ele seja horrível,
degenerado, decadente e podre,
a realidade tem espaço garantido.
Não há nada de belo aqui,
nada de eudaimonico,
nada de parcemonia,
epoché!
Essa realidade onde energias se devoram,
onde tudo vai pra frente,
um querendo enganar o outro,
onde só se pensa na consequência das coisas,
onde o fim é sempre a regra...
Essa eu desprezo.
Essa me machuca, me fere.
Mesmo sangrando quero continuar,
Pois o futuro não é a vida,
só há aqui e agora,
só há vazio e tempo,
só há dor e sofrimento,
só há desejo e deformação.
Nesse oportunismo do presente,
me saciarei das pequenas coisas,
das mais fúteis, inúteis e vazias.
das quais me forço a querer cada vez menos,
me saciar com menos.
Menos doce, menos salgado.
pois percebi que tenho que controlar meus desejos,
para não desejar demasiado,
o que não preciso.
Comer, Digerir, Excretar,
Dormir e Acordar...
Fugir dos predadores.
Não me escravizarei pelo resto.
Porque só o que é real tem espaço no meu coração.
Nem Deuses, Nem verdades,
Nem espíritos, Nem Eu,
Apenas uma existência banal e mundana,
da qual farei a minha maior obra.
Acompanhado daquilo que chamam de outros,
Acompanhado... farei do que fazem de mim
Aquilo que faço comigo.
Percebendo, Agindo...
Vivendo.