Musicas

22 de dez. de 2018

Hipérbole

A chama da troca se apaga,
Fica escuro, ouço máquinas rodarem.
A luz de uma tela bate em meu olho,
Incomoda, mas não tanto.
Deitado abaixo de mantas frias,
Que não tem história pra contar...
É tudo apagado, caindo aos pedaços.
Fica turvo, aglutina e dói.

Eu viro de lado e ouço um barulho,
Depois minhas costas parecem relaxar,
Começo a prestar atenção no inflar do peito,
Fecho os olhos...
Os pulsos custam a parar.
Viver sem ter contado nada...
Números...
Fico aflito.

Quem é esse que narra a história?
Esse projeto que nada viveu.
Essa vida que só é uma vez,
Pra um corpo,
Jamais será narrada por outro,
E assim, me conheço desconhecendo-me
Narrando para o outro que conhece-me, também para com o corpo que ele jamais encontrou.
São memórias, narrativas, discursos.

Que acontece quando esse corpo fala?
Que tipo de atividade é essa?
E que importância tem a sobrevivência?
Como símbolos conseguem se articular e doer.
Mesmo co-dependendo de algo físico.
Bem, há quem ache que são números.

2 de dez. de 2018

Ânsia

Olá,
Caro visitante desse mundo,
Que vive a vida,
Desejando que o amanhã chegue mais rápido.
Que o quinto dia útil venha logo,
Que você encontre aquela pessoa...
Sei lá, semana que vem...
Você que anseia a realidade,
Eu sei que anseia,
Pois você demonstra amor por mim a todo tempo.
Julgando o que vale o tempo,
Perdendo tempo, ganhando tempo.
Você não cansa de declarar amor por mim,
Não vê a hora do trabalho acabar,
Não vê a hora...
Ah, você é completamente apaixonado por mim,
Eu o diria pra não se fascinar comigo,
Mas parece que você não resiste,
Fique tranquilo.
E eu irei retribuir esse seu sentimento.
Afinal,
Eu sou o tempo que você deseja que se acelere,
Eu sou a tão famosa morte que se aproxima...
Nosso encontro será inevitável.