Musicas

22 de dez. de 2018

Hipérbole

A chama da troca se apaga,
Fica escuro, ouço máquinas rodarem.
A luz de uma tela bate em meu olho,
Incomoda, mas não tanto.
Deitado abaixo de mantas frias,
Que não tem história pra contar...
É tudo apagado, caindo aos pedaços.
Fica turvo, aglutina e dói.

Eu viro de lado e ouço um barulho,
Depois minhas costas parecem relaxar,
Começo a prestar atenção no inflar do peito,
Fecho os olhos...
Os pulsos custam a parar.
Viver sem ter contado nada...
Números...
Fico aflito.

Quem é esse que narra a história?
Esse projeto que nada viveu.
Essa vida que só é uma vez,
Pra um corpo,
Jamais será narrada por outro,
E assim, me conheço desconhecendo-me
Narrando para o outro que conhece-me, também para com o corpo que ele jamais encontrou.
São memórias, narrativas, discursos.

Que acontece quando esse corpo fala?
Que tipo de atividade é essa?
E que importância tem a sobrevivência?
Como símbolos conseguem se articular e doer.
Mesmo co-dependendo de algo físico.
Bem, há quem ache que são números.

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