Musicas

29 de jun. de 2019

Só reflexo

O espirito cansado vislumbra espelhos,
A fadiga da reflexão apodrece a imagem,
Perceber-se com linhas mais profundas,
Encolhidas, distantes.
O olhar dança nos braços do temor.
Não se respeita.
Se vinga.
Atira pedras para cima...
E espera cair.

21 de jun. de 2019

Forte


Forte


A vida que grita, berra, 
que se sustenta ao brigar com o mundo,
a forçar-se a existir numa eterna agressão.

Essa estará sozinha sempre que possível,
pois não há como coexistir com alguém que te devora,
vós, fracos conseguem bandear-se
na medida em que descobrem fracos como vós.

Mas o forte, esse é solitário, independente.
Vós, ora Corja, 
Vós, ora Estado,
Vós fracos, decadentes,
Uni-vos pra suportar essa patética vida.

Malditos sejam esses que tem pouca força,
esses que se unem para destruir,
esses homens que são a própria face da desgraça.

De dor e sofrimento viverá aquele que encontra o mundo,
mas aquele que se une a outro para enfrentar o mundo...
 esse viverá também com os frutos da sua vergonha,
esse é o que há de mais excrementoso na batalha da vida.

Pois o mundo nos fez intimamente solitários
e forte é aquele que sabe bem a solidão que possui.
Ser solitário não é um problema,
ser fraco é.

Então tolos, unam-se com teus laços de dinamite,
detonem suas mentes vazias com suas verdades cretinas.
Quem não tem força está fadado ao fracasso.

Quem conhece bem sua própria solidão não arrebenta,
É melhor vagar sozinho do que se sujar com essa imundice.
Pois quem é forte sabe bem a dor que precisa enfrentar.

20 de jun. de 2019

Passageiro.

Escorre como areia das mãos,
Você tenta segurar,
Atravessa.
Transfigura.
É efêmero.

Quando você se dá conta,
Ja foi, acabou.
Pode acabar por estar cansado,
Buscar o escapadiço corrói.
Consegue ferir a mais impenetravel alma.

15 de jun. de 2019

Ele vem.

Ele bate sua porta.
Você, completamente distraído,
Cansado de ficar sozinho,
De não receber visitas...
Ja até imagina quem é.

Ele bate sua porta.
Sempre acerta a hora,
Vem justo quando você precisa dele,
Talvez por que sempre precisamos,
Não dele apenas,
Mas de companhia,
Não dessas que se cumprimenta,
Mas sim, as que te acompanham,
De corpo, de mente e coração.

Ele bate sua porta
Pede para entrar
As vezes, até diz que sentiu saudades.
Ele sabe que você o admira,
Que flerta com ele.
Você o olha pelo olho da porta.
É sua dúvida primogênita.

Todos acham que você o encontra no bar,
Salvam-se em igrejas.
Discutem-no nas escolas.
Sentem-no quando alguém morre.
Mas...
O Suicídio...
Ele bate a sua porta,
E ele pede pra entrar.

Mais uma vez maquiavélico.

Mais uma vez escrevendo sobre coisas que se passam na cabeça, eu imagino que muita gente imagine uma estrategia elaborada de dar ordem a um texto, a uma narrativa, não sei se faço-o assim.
Tenho preguiça das imaginações sobre o que seria ordem, são todas uma bela maneira de mostrar como a arte pode ser mal feita. Mal costurada. Mal vivida.
Ordem, que coisa ridícula. Inventaram o mais terrível dos deuses, a ordem. A mais frutífera das árvores do jardim do éden : a ordem.
Devo admitir sem hesitar: os humanos são verdadeiros suicidas a todo momento. O mais interessante é que negam a vida afirmando sempre um estilo dessa própria, acreditando serem inéditos em suas estratégias de vivê-la, ou até mesmo querendo preservar costumes.
Tenho raiva dos humanos. Ódio. Eu adoraria que todos nós morressemos. Pois somos a parte mais podre desse mundo. Somos eu e você suicidas que não tem a coragem de matar o corpo, então nos matamos nas ideias.
Nos matamos em olhares tortos, vozes graves, sinais de mão, até nos amores: com quem queremos foder, com quem queremos dividir o pão. Tudo em detrimento do corpo, por mais que tentemos nega-lo. E há corpos que vencem e corpos que perdem. Odiamos o que vencem por que é chato perder e odiamos os perdedores por termos sidos ensinados muito bem a odiá-los. É ciclico. Imbecil.
Mas ainda cabe a imaginação do humano negar isso, e fingir que não ocorre, que há outra forma, mas essa, sempre preservando vencedores e perdedores.

8 de jun. de 2019

Remetente.

Viver o resto da vida,
Com isso,
Pra chorar sozinho,
Pra estar nessa sozinho.
Dor.
Dor.
Dor.
Muita dor.
E não há ninguém pra pedir socorro.
Conviva com isso, mortal.
Até que a morte o separe.