A esperança precisa morrer
Para dar espaço a alegria,
E, assim, ser possível o amor.
Consciência dói.
Dói, pois quem não a tem não sente como é cruel,
Consigo e com os outros,
É duro ter ouvidos treinados ao sofrimento.
Quem atua condena o outro,
E sofre querendo parar de sofrer,
Sofre pelo medo de sofrer,
Sofre pois tem que sofrer.
Não nos livraremos do sofrimento,
Não enquanto vida.
E isso não é um convite ao suicídio,
Pelo contrário,
É um convite à vida.
À vida sofrida,
Essa de humanos de carne e osso,
De luta, de disputa e de tempo.
Essa única que é bela aqui e agora,
Afinal, não há outra que possa ser.
Espero muito o derreter dessas máscaras de argila,
Para que na real companhia,
A gente se descubra,
E viva o céu ou o inferno,
O eterno ou o tempo.
A máscara que se desfaz,
Dá espaço a alegria ou a tristeza.
Ao amor e ao ódio.
Que sofridos, serão sempre mais vivos.
Morre o atuante.
Nasce a companhia.