Musicas

30 de out. de 2018

Tempos Satânicos

E eis que a dificuldade se apresenta,
De forma clara e evidente,
E aqui não podemos temer,
Nem desejar um mundo diferente deste,
Pois este é o que se apresenta.
Para se reconciliar,
O que fazer então?
Tomar as redias do mundo,
Entender as dificuldades,
Para supera-las,
Pois o mundo não cederá aos desejos,
Bem vindos e vindas,
A essa época sombria,
Não a tema, nem crie esperanças.
Enfrente-a.
Enfrente tomado de uma estratégia,
De um modo novo de viver.
Estamos diante de um obstáculo,
É a chance de supera-lo.

28 de out. de 2018

"Deus está morto"

Avacalha-se o sentir,
O afeto que era verbo,
Vira pronome, vira som,
Deteriora-se no dançar do mundo.
Torna-se insano e cruel,
Vira adjetivo, vira anel.
Muta-se em dinheiro,
Muda de cara, cada vez mais passageiro.
Corta, mutila e amputa,
E tire esse juízo de valor,
Pois não falo só de amor.
Falo de sentir,
De afetar e ser afetado.
Disso que está difuso,
Disso que se faz uso,
Política,
Quando o afeto vira a moeda de troca,
Nossa mente fica oca.
E o coração vira uma bomba de sangue.
Só.
Retornando sempre a questionar...
Por que estamos aqui,
Qual o sentido disso.
Como se alguem tivesse prometido,
Um sentido, uma justificativa.
É preferível adorar essa mentira,
Do que sofrer com as dores do afeto.
É preferível não se deixar marcar.
Para ter sempre postura de mestre,
Um mestre acovardado,
Mesquinho e tolo.
Que se deixa escravizar por uma mentira,
Enquanto o real te agride,
Em busca de uma resistência,
De um ser vivente.
De um sujeito que sente.
O real jamais se traduzirá em meia dúzia de pensamentos.
De frases, de arte.
Bem como os sentimentos,
Desse coração de pedra,
Que você aprendeu a esculpir.
Junto a todos aqueles que temem o sentir.
Mas na calada da noite,
A pedra sangra, o olho escorre.
Pois nada resiste.
A imensurável indiferença do real.
E se tu, animal iludido,
chegar a conclusão de que Deus é o real.
Me diga então por que razão afirma-lo?
Por que não acusar sua morte?
Ainda tem medo de abusar da sorte?
Registro minha provocação,
Nos cantos da mente,
E nas bordas argilosas do coração.
Desses descrentes da vida!
Que esbanjam a palavra amor,
Porém dilaceram os próprios afetos,
Pois parece-me que não tem onde pôr,
Com esse mundo ideal inconsequente.

14 de out. de 2018

Dores da Alma

Ja estive aqui,
Repetitivamente,
Eu nem sei mais por que,
Nem lembro se havia um motivo.
No meio de humanos,
De seres que se julgam vivos,
Mas estão mortos em sua percepção.
Todos presos a seu mundinho,
Um filme assistido,
Isolado.
Solitário.
Triste.
Medonho.
Nem sequer se percebem parte de um todo,
Se fragmentam, tentam-se dominar.
É tanta mediocridade,
Que eu adoraria sair daqui...

Mas...

Já estive aqui,
Repetitivamente,
Eu nem sei mais por que,
Nem lembro se havia um motivo.

10 de out. de 2018

Amor Saudosista

Eu queria saber,
Se alguém ja amou alguém como eu,
Um amor solitário,
Saudosista,
As vezes dói, as vezes encanta.
Dói pois não há escape,
Encanta por que preenche.

Eu queria saber disso,
Pois amor não se faz na esquina,
Em romances vazios,
Forjados e forçados,
Troca de valores e nem nada do tipo.

Amor se faz de encontros,
De vislumbres e insights,
Momentâneo, sai na urina,
Mas tende a ter uma rotina,
Um momento de suspiro,
Um olhar perdido,
E um silêncio confortavel.

É um simples momento,
Porem difícil de se notar,
De se conservar,
É preciso treinar-se para amar.
Por que de desejos e expectativas,
Medos, esperanças e temores,
O vazio se faz cada vez mais cheio.

1 de out. de 2018

A morte de cada dia

Hoje eu estava pensando sobre uma frase que ouvi uma vez: quando você entra em um relacionamento você corre sério risco de morte.
Até ontem eu achava que isso era valido apenas pra relacionamentos afetivos, onde rola ciúmes, traição, briga, coisas que te diminuem de forma a te diminuir a resistência contra o mundo.
Hoje tive um insight e percebi que está pra qualquer camada de relação, quanto mais próximo você está de alguém, mais grave é o risco, se relacionar é arriscar-se de tal forma a jogar com a sua vida conforme o mundo se mostra.
Fico pensando que as vezes os valores são tão complexos que escolher entre eles realmente, as vezes, é escolher entre a vida e a morte.
É óbvio que morremos a cada segundo e que o mundo nos matará, mas levando em conta que cada pessoa pode ser um mundo diferente, a capacidade destrutiva de qualquer relação é devastadora.
Pode ser que um desconhecido te faça uma pergunta extremamente dolorosa, não por maldade, mas só por não saber quem você, talvez perguntar se alguém próximo morreu, ou alguma outra coisa com a qual você se identifique e se entristeça.
Um familiar pode falar algo de outro de forma que a sua convivência com alguém seja comprometida. Um amigo pode surgir e dizer que vai pra muito longe.
Tudo isso é morte, isso é capaz de te matar, de te tirar dias, semanas, meses ou anos de vida vivida.
A questão é a sua resistência, e caso não tenha ficado claro, a ideia é exatamente: quantas pancadas você aguenta até morrer? Até infartar? Até ter um derrame? Ou algo mais bruto, até levar um tiro, até levar uma facada?
Sabe, agressões não são exclusivamente físicas. As simbolicas matam tanto quanto essas.