Musicas

24 de ago. de 2019

Flor

Sou flor viva.
Sou espinho.
Sol e água, sol e água.
E um aroma de matar.

22 de ago. de 2019

Da transparência.

Corta o peito
Da vontade de berrar
To perdido
Enterrado vivo
Estou sendo observado
Através das paredes de vidro
Essas mesmo,
As que eu não quis pintar
Para não ser mais uma arte imunda,
Dessas que se realizam na miragem,
Eu quis fazer de mim, visceras.
Ásperas, disformes e amorfas.
Dessas que instigam,
Do hábito ao choque de conduta.
Daqui só me pergunto...
Quem está a me observar?

19 de ago. de 2019

Amor Canalha

Ja não aguento mais as narrativas contando como é difícil perdoar alguém ou até mesmo pedir perdão, seria clichê demais. Mas talvez por causa da tristeza ou de algo mais profundo que isso, me deparo hoje com uma coisa sobre o perdão que, honestamente, não desejo que ninguém se depare. Mesmo sabendo que quase todo mundo passa por isso.
Hoje, na verdade, há algum tempo eu descobri que não consigo me perdoar. Não é pra tudo, eu me perdoo quando o arroz queima, me perdoo quando eu esqueço uma torneira ligada. Mas eu não consigo perdoar eu ter tratado mal alguém que amo, mesmo que o amado me perdoe, eu não consigo.
É devastador sentir que (talvez) eu tenha dado causa a tristeza de alguém que, na minha cabeça, me causa alegria. Pior quando intencional. Pior quando duradouro. Pior quanto mais próximo. Pior a intensidade.
Dói a alma.
Eu peço desculpas mil vezes, peço desculpas até com o olhar, mas a verdade é que a dor de conviver com o próprio fracasso é intensa demais. Acho que eu prefiro lidar com erros meus do que colocar alguém amado em uma situação desagradável.
Acho que dói de mais dizer que amo quando fui um verdadeiro canalha.
Ah, como eu queria que a memória fosse mais falha, para esquecer o erro, mas não comete-lo denovo.

10 de ago. de 2019

Peso

Converso com as paredes,
Frias, me trazem segurança,
Tenho menos medo do mundo,
A luz acessa incomoda meus olhos,
A beira de um surto, tranquilo,
Pois sou eu o único a lidar,
Não serei um fardo a ninguém.
Eu nunca quis.
Mas parece que eu exijo demais,
Então é preciso ficar sozinho.
Essa alma pavorosa não assombrará ninguém.
Esse parasita imundo.
Esse péssimo amigo.
Esse verme desprezível.
Esse que vos fala, paredes.
Se cala perante o explendor do silêncio.
Do vazio.