Musicas

28 de dez. de 2020

Cigarro

Foi nossa ultima conversa.
Nosso último diálogo. 

Não foi uma briga, 
Mas também não foi declaração. 
Não foi despedida. 
Você não merece adeus. 

Você não merece, nem mesmo, 
O diálogo, 
A chance irresgatavel de contemplar minhas palavras. 
Tua péssima natureza não sabe ouvir. 
É tanta gana, que apressa o tempo. 

Foi nosso último entendimento. 
Eu entendi. 
Ja você, nem em mil anos. 
Nem lhe praguejar eu preciso. 
Tamanha é tua essencia oca.
Que ecoa seus devaneios narcisistas. 

Você não merece adeus. 
Merece um aviso, "na testa". 

21 de dez. de 2020

Entristecer

O pior de sofrer é sofrer só.
Calado. 
Sem ninguém pra ouvir teu lamento. 
Seu pranto é so teu. 
Molha só a você. 

É triste essa condição humana. 
E é patético desejar algo diferente, 
Somos só. 

O pior da tristeza é senti-la. 
Um aproximação da morte. 
Sentir algo que ninguém nem sequer imagina, 
E não conseguir alcançar a tristeza de outro. 
Só ouvir, contemplar. 

No caso da tristeza, 
Isso, que é normal, 
Vira um pesadelo. 

Isso se viver somente a própria perspectiva. 
Talvez por isso as pessoas se matem. 
Para dar cabo de uma dor profunda, 
De um algo insolucionavel... 

Infelizmente a tristeza te corrói antes de matar. 
Ela é perversa. 
Ela não só mata, ela tortura. 
Ela dói, ela irrita, ela magoa, ela faz sangrar. 

16 de dez. de 2020

Incoerente

Sou terrivel com isso de amar.
No fluir do mundo, 
Não me contento,  
É a constatação de um grito útil.
É a inflamação das córneas, 
Da cólera que me domina. 
Da que me destrói dentro e fora,
Se é que há algo fora pra destruir. 
É tão vazio, tão vazio... 
Mas não é silencioso. 

É a ferida aberta que sangra ao cutucar.
A que dói. 
E a que eu mais precisava segurar o grito. 
Mesmo que esteja aflito. 
Porque o grito nunca é pra mim. 

Eu preciso olhar pra quem levanto a voz. 
Pra ontem!
Pois hoje só consigo ver como sou incoerente.

2 de dez. de 2020

Pura Burrice

O problema... 
É que tu, com teus olhos enrijecidos, 
Crê que esse meu corpo seja, 
Dentre muitas coisas, 
Incapaz de amar profundamente. 

E talvez essa seja a questão. 
A tua dúvida é, de fato, 
Se há algum corpo que, 
Nos teus moldes antiquados, 
Saiba te amar além da sua superficie. 

Pois quem tem a alma imunda, 
Com esse julgamento vil, 
É incapaz de pensar profundamente.