Musicas

29 de out. de 2019

Um sopro niilista

O tempo passa e percebemos,
Que as coisas mais pífias da infância, 
Vão se tornando cada vez mais raras. 

O tempo passa e percebemos, 
Que talvez a nossa memória nos sabote, 
Que a infancia cadecia de estratégias, 
De faculdades de pensamento, 
De competência. 
De amizades verdadeiras. 

O tempo passa e percebemos, 
Que a nossa mente preserva o bom, 
Pra nos convencer a continuar. 

O tempo passa e percebemos, 
O quanto o tempo dói, 
E o quanto as pessoas o desejam, 
Desejam que o presente se destrua, 
Em nome de um futuro prometido, 
Um além longe daqui. 

O tempo passa e falecemos. 
Deixando memórias a outros, 
Que ficarão aqui.

O tempo passa e nos esquecem. 
E assim, a finitude fez uma existência.
Inúmeras existências se foram. 
Algumas estatísticas da história, 
Outras guardamos na memória. 

Quero conhecer a heroína atrevida, 
Que no decorrer de sua vida, 
Escolheu não que o tempo passasse, 
Mas que permanecesse,
Não em memória, em ato. 
Não em palavras, em ato. 
Não na alma, mas em ato. 
Eu quero conhecer a dita cuja, 
Que petrifica o tempo, tornando-o eterno, 
Na vida de quem a reconhece. 

O tempo passa, e a gente esquece. 
Que a vida passa. 
E a gente... 
Perece. 

28 de out. de 2019

Morreremos

Morreremos.
Todos. Um a um, ano após ano. 
Não retornaremos a esse mundo. 
Todos. Todos.

Da formiga que você pisa sem ligar, 
Esse inseto, pequeno. 
Até a maior das sequoias. 
A lula gigante dos mares. 

Morrerão cada folha de grama, 
Cada abelha, cada mosca. 
Os peixes do aquario, 
Os animais do zoológico. 

Os morcegos hão de morrer. 
Os passaros, os gatos, os cães. 
Seu filho, seus irmãos, seus pais.
Seu amado, seu amor... Você. 
Eu. 

Morreremos.

Talvez seja justa a pergunta:
Por que? 
Mas antes dessa, outra:
Por que manter vivo algo que nasce sem razão? 
Sem pedir, sem querer. 

Nascemos sem pedir,
Existimos na medida em que estamos, 
E morremos sem querer. 
Como se nunca houvessemos existido. 

Morrerão as estrelas, 
Galáxias serão engolidas. 
Lembranças serão esquecidas. 
Mas é isso. 

Viveremos até morrer, 
E morreremos. Uma vez só. 

Morrerão egos, sociedades, 
Doenças, casamentos, valores, 
Tudo será menos que pó. 

Eis a chance de existir...
E conviver com o fato:
Morreremos. 

27 de out. de 2019

Quando alguém se vai.

Ainda me lembro de quando conversavamos sobre tudo,
Quando você ainda respondia minhas mensagens. 

Sempre tenho que conviver com minhas decisões. 
Meu amigo querido, 
Me diga se errei em contar contigo? 
São meses checando o celular, 
Mas o vazio assombra meu futuro. 

Nem adianta dizer que me arrependo, 
Terei que carregar minhas lagrimas nas costas. 
Ja é noite e meu sossego nunca foi tão decadente. 

Eu sei que não há boa hora pra abandonar. 
Pra se despedir, pra um último adeus.
Mas se tu se for, 
Por favor, leve as nossas lembranças pra frente, 
O futuro será mais sombrio, 
Mais silencioso... 
Quando o celular não tocar. 

25 de out. de 2019

Nós cegos.

Minha vida acaba todos os dias.
Na calada da noite, ela suplica. 
Suplica força, e mesmo assim, 
Se esgota. 

Esse olhar calado, cansado, 
De tanto repetir as narrativas de dor, 
Agora descansa como se aceitasse a morte. 

A morte de cada instante, 
Uma morte vivificada. 
A morte dos laços que se estreitam.
Nós cegos. Rompem(os). 

A sobrevivência me força. 
Força essa que um dia se esgotará. 
Pelo menos, 
Eu espero. 


18 de out. de 2019

Sua Pele.

Me desligo das minhas razões,
Me dou a Ti. 

Agora você sabe o que fazer, 
Não se preocupe, não farei nada maldoso. 

Seu toque não me satura, 
Mas suas roupas são insuportáveis.
Arranque-as. 
Pra me saciar, só sua pele. 

Venha, suba em mim, 
Faça dessa carne mundana o receptáculo, 
Do seu tão desejado tato. 

Desmonte-me nos beijos, 
E toque essa alma viciosa. 
Eu quero o sabor, o cheiro. 
Quero deleitar em júbilo,
Regozijar dessa sua carne audaciosa.

Fossa

Alguma coisa eu vejo em você,
Algo que eu não consigo descrever, 
Nem sei como me sentir sobre isso, 
Parece que nem sei como viver sem você. 

Eu queria rir desse sentimento, 
Mas por hoje, lágrimas. 
Pois dessa fossa será difícil de sair. 
Do fundo do poço,
Qualquer sombra é esperança. 

Talvez eu tenha enlouquecido, 
Perdido completamente a sanidade. 

Não importa onde eu vá, 
O que eu diga ou que eu faça. 
Eu passo horas... 
E horas me passam. 

17 de out. de 2019

Tripas

Inúmeras vezes corações entregues.
Inúmeras vezes corações dilacerados. 
No humano, competência falta. 

Competencia pra tratar bem quem se entrega. 

Mas invertemos,
Exigimos do entregue que ele seja forte, 
Que faça das tripas, coração. 

14 de out. de 2019

...

Cansei de ter coração.
De pensar.
De querer.

Há em mim um buraco negro,
Na minha mente.
Me puxa muito forte,
Violenta.

Destrói significados um por um.
Deturpa sensações uma a uma.
Me fecha, me isola.
Me quebra.

Daqui quanto tempo será que isso passa?
Vai passar?
Me prometeram que vai passar...

1 de out. de 2019

Flash

Eu me faço pelos laços,
Os nós que eu não solto da garganta,
Sou aquela lembrança feliz que te frustra,
Frusta por sua vez.
Eu passo como ar em movimento...
Pra alguns,
Calmo como brisa,
Pra outros,
Furacão.