O vento que bate em meu rosto não me alivia,
Meu olhar descontraído é perdição.
Eu nem ouço o que dizem.
Me pergunto por que tão errado?
Eu sou uma alma triste.
Triste pois de tanto ver coisas erradas,
Constato: sou fraco e não consigo mudar nada.
Faço pouca diferença.
Fraco, me junto a outros.
Pra ser reativo, moralista, implicante.
Pois queria um mundo mais justo.
A pena é ver que esse mundo é ideia.
Então o vento me passa e me traz lucidez.
De que talvez ele seja a única coisa leve.
O resto pesa.
Falsas amizades, falsas declarações.
Mentiras fortes e abundantes,
É doloroso saber de forma nítida o que é falso.
Mas sobre o que é de fato,
Só uma breve ideia,
Um esboço mal traçado...
De verdades raras, escapadiças.
Sou uma alma triste,
Pois as felizes abusam de mim.
Pois as ricas me exploram.
Pois as bonitas debocham.
Pois as sábias me diminuem.
Pois as amantes me desprezam.
Eu, alma triste,
Estou fadado a conviver com almas tristes.
Que toleram minhas idiossincrasias.
Minha depressão, minhas síndromes,
Minhas paranoias.
Pois nem a saúde se salvou.
"muito bem: dai-me teu tormento."