Musicas

8 de dez. de 2023

Significante.

espero um dia ser digno dela,
tão sem significado,
mas tão significante,
talvez sejamos mesmo frutos da contradição,
mesmo que a vida não passe de sofrimento,
estou calejado desse tanto movimentar,
um dia ela vem.

e mesmo que eu não suporte abandonar meu único...
meu único compromisso,
ainda assim,
eu gritarei com o que me aguarda atrás da porta,
a despedida será o assassinato das minhas fantasias,
medos tolos,
ou esperanças vazias.

aguardarei.
serei o próprio apodrecimento do fruto,
cada um paga seu preço por atravessar a porta.

15 de nov. de 2023

O Louco

Pensar essa tal natureza humana,
Mesmo que brevemente, 
É devastador. 
Castelar a profundidade desse ruído, 
Cheio de minúcias, 
Na escuridão. 

Falamos para sermos julgados, 
E ouvimos para sermos cruéis. 
Nem sempre de forma equilibrada, 
Aliás, não sei se equilíbrio existe. 
É enlouquecedor. 

1 de out. de 2023

Flamel, de novo.

Em súbito,
Fui forçado a perceber,
o quão ilusória a ilusão é.
É perturbador.
Ilusão boa é a que ilude.
Uma ilusão que não ilude é uma fraude.
Um erro na matrix.
Nossa mente é selada em ilusões,
e ai de quem ousar cometer a veleidade,
a incrível ousadia de acusar o golpe,
de apontar aos céus,
mostrar que ele mesmo, o céu,
não está lá.
A ignorância dita:
"Não devemos castelar acerca disso"
Nossa própria percepção nos ilude,
acreditamos ter contato com a realidade.
E não nos veremos livres disto,
estaremos sempre aprisionados na ilusão...
dessa tal de realidade.

Fora

É difícil aceitar que somos como areia,
Talvez até mesmo como pó. 
Basta olhar para nossos desejos, 
Que nos percebemos escravos, 
Algo tão poderoso nos move, 
Mas é algo poderoso e ínfimo, 
Pequeno, insignificante e vil. 
Buscando sempre uma aprovação do outro, 
Algo a se conquistar. 
Sem perceber, talvez, 
É que o outro não se preencheu de significado sozinho. 
Então retire-se daí. 
Chega de procurar fora. 

12 de set. de 2023

Vidro

A tua beleza é distingui-lo de longe,

Observar de perto é ofuscar

Fazer menor,

É preciso dar passos para trás 

Castelar o quão vazio é o sublime.

Aguardar da tua voz. 

Companhia que não quero abandonar. 

Quero tocar a sua alma, 

Essa mesmo, vazia e superficial 

Escapadiça e sem utilidade alguma. 

É só o vislumbre.

Que na ânsia de o petrificar

Vale a vida. 

8 de mai. de 2023

Beco sem saída

Entre as emoções empoeiradas do tempo,
Teu corpo ainda ferve em mim, 
Lembro-me de teus cabelos escuros, 
Teu sorriso timido, 
Da sua forma de falar. 
É tudo muito calmo. 
Talvez por ser tudo tão distante, 
Sempre inalcançável. 
Queria conseguir dizer que fiz de tudo, 
Mas o tomei como uma divindade, 
Como algo frágil, que se pressionado, 
Quebraria. 
Então observei de longe. 
É, talvez você tenha mesmo razão. 
Estamos mesmo num beco sem saída. 

22 de abr. de 2023

Repetir a Dose

Fumaças incandescentes

Pulmões enlouquecidos

Engasgues Enlouquecedores

Repentinamente, olhares em metamorfose.


Madeira podre,

Lagartos que são cobras,

E cobras que são galhos.

Nada é o que parece.

Eu posso voar e não andar.


Musicas se tornam piadas,

Conversas viram borboletas

Engrenagens de relógio

Perdem e pedem a essência do tempo.


Sentido!

Tudo se explica

Tudo se aprimora, se aguça

Feijões se tornam cores

Olhares se perdem em espelhos

Mentalidades se cruzam

e aflições se assemelham.

Amaldiçoados

 Tire minha camisa

se perca nos botões,

acredite, eu não me importo,

seu toque me preenche.

Em um reino de arvores inquanticaveis,

onde florestas dançam,

e castelos se formam nos céus,

ou seria o inferno?

ORGASMOS!

Estonteantes, Berrantes,

Gritantes, Amantes...

Simplesmente quero berrar.

Como é perfeito chegar,

a Terra ainda faz todo sentido.

Respire e comece de novo.

Agora

Num ar místico,

onde olhares explodem entre si

Seus membros rodeiam meu corpo

e sua respiração preenche minha alma.

Num romance de conquistas,

seu olhar me nocauteia

sua voz arenosa

me transmite o azul

E é de contrarregra

dessa forma o amor nasce

e se renova

cada vez que você me toca

Dentre tudo, quero lhe dizer

Que com toda certeza,

seja ela categórica, universal,

que te quero,

que te amo,

mas pode ser apenas a chuva.

28 de mar. de 2023

Fisgada

As vezes,

Me dói perceber

Que eu sinto pelo outro

Algo que nunca sentiram por mim

E nem sentirão. 

24 de mar. de 2023

Fugacidade

As vezes, pela sombra da memória,
De relance, ao sabor de encontros vagos, 
A tristeza é doída. 
A lembrança trai a determinação. 
E esse sentimento vulgar vem a tona. 
É a morte de um pedaço de vida. 
A dificuldade está na cabeça, 
Ela, de alguma forma, joga contra você. 
Não existe domínio algum, 
Ou talvez exista, mas não de si próprio. 
Se é que "si próprio" existe mesmo. 

13 de fev. de 2023

Reticências

Um jogo.
Não sei qual trajeto me leva a ti. 
Quais palavras deveria confessar, 
Nada parece suficiente. 
Tudo que eu queria era uma vida contigo, 
Talvez até duas. 
Mas é um objetivo fora do tabuleiro.
Um jogo jogado só. 
Não há nada que eu não enfrentaria, 
Mas não há nada que eu possa enfrentar. 
Só um jogo vazio, 
Sem cartas na manga, 
Sem outros jogadores.
Talvez fosse mais fácil tentar e fracassar, 
O fracasso esforçado não dói tanto.
Foi mais fácil abandonar o jogo. 
A entrega é juvenil, 
Sabe-se lá o que significa ganhar. 
O tempo agora é outro. 
É a hora de encarar essa tal. 

2 de fev. de 2023

ISO

Quanto vale um sentimento?
Vale? Vale mesmo? 
Ou custa? É precificado? 
Etiquetado, com código
Pra qualquer maquina ler. 
ISO 9000

Uma repetição, 
Um padrão, um retorno. 
Sentir é mesmo alguma coisa? 

Quanto custa sua paixão? 
Ela se vende fácil? 
Sai pouco? Está na moda? 

Por qual algarismo você se rendeu? 
Será que o amor é um algoritmo? 

22 de jan. de 2023

Arte

Não curvar-se diante de tiranos,
Apresentar a vida à sua resistência, 
À sua arte: sua potência em si. 
Transferir tua energia à sua criação, 

Sua vida,
A história de como você morreu, 
Sua existência, dor e sofrimento. 

Todos amaldiçoados, 
Os valores se tornando preços, 
Os encontros viram venda. 
E os afetos, disputa. 

Sua força é vida pura. 
Nesse mundo da carne e osso, 
Só a arte cura. 

Segundo

Ainda me lembro do seu corpo,
De tocá-lo nas manhãs. 
Nós, numa cama de solteiro, 
Eu só ouvia sua respiração, 
Meu coração sempre se acalmava, 
Sua presença tinha esse poder. 
Lembro do cheiro do seu cabelo, 
Seu olhar desamparado, 
Do formato do seu peito, 
A sua pele... 
Houve um abraço em específico
Me comoveu, 
Era inusitado que você me abraçasse, 
Geralmente sou eu que toma iniciativa,
Foi transparente a intenção, 
Até demais.
"Fique!"
Gritava teu abraço.
Me segurando firme, 
Enquanto minha fúria destruía tudo. 
Destruí, alquimista que sou. 
E seu gesto foi pro além. 
Para o meu pesar,
Para cair no esquecimento. 

Entrega

Sou mesmo especial pra você?
Não sinto a sombra desse sentimento, 
Talvez não seja prudente... 
Desejar esse tipo de coisa. 

Eu nem sei bem. 

Talvez seja o jeito único de me chamar, 
Ou me buscar quando quer ouvidos, 
Eu não sei o que é especial, então... 

Devo ter esquecido, 
Faz tempo que não confesso nada. 
As sensações passam como vento, 
Nem vi, passou e esfriou. 

Que será essa coisa nefasta? 
Tenho medo que percebam minha fuga, 
Só me doo a quem floresce. 
A quem procura sentido. 

Isso

Não conviver com isso.
Eu bem sei que vem e vai, 
Como uma chuva num dia de verão. 

É intenso demais pra que isso me console, 
Essa maldição parece me tomar tudo. 
Tudo, em sentido amplo, 
Eu chego a esquecer quem eu sou. 

Não é que eu seja puxado pra baixo, 
Nem pra cima, 
É me colocar do avesso. 
Eu não me reconheço. 

Passo a visitar recordações, 
E percebo cicatrizes profundas, 
Não há paisagem que me distraia. 

Aos símbolos, dedico horas, 
Penso em cada palavra, cada gesto, 
Me apavoro nas minhas conclusões, 
E tenho medo de comentá-las. 
E talvez, seja parte disso. 

20 de jan. de 2023

Darkness

Algo está criptografado em meu peito,
É o grito silencioso, 
Um fim em si. 

E não há resultados, 
O convite a se retirar é vão. 
Abandono não serve-me. 

Parece sem hora, 
A pausa pra falar, 
O arremate. 

Por mais simples que fosse, 
Eventos me deformaram irreversivelmente, 
Nenhum significado eu encontro, 
Sou incapaz de acreditar que adiante. 

Preciso guardar, 
Manter em segredo, 
Me salvar desse devaneio tosco. 
Afugentar quaisquer esperanças. 

Preciso ser a própria treva. 

10 de jan. de 2023

Na sua estante.

Perdido eu estou,
Nesse maremoto de afetos, 
Sem vetor pra me levar. 

O passado me assombra, 
Essas memórias ainda conseguem me encantar, 
Mas o entendimento que busco é futuro. 

Antes só, 
Do que me roubem a paz de espírito, 
Me oferecendo menos do que exijo. 
Exijo sim. 

Minhas lagrimas só servem a gente de carne e osso. 
Não sou enfeite e, portanto,
Não decorarei sua estante.
Nem seu instante.