Musicas

28 de dez. de 2022

Transparência.

Não gosto de ser arremessado na contingencia, 
A esperança precisa morrer
Para dar espaço a alegria, 
E, assim, ser possível o amor. 

Consciência dói. 
Dói, pois quem não a tem não sente como é cruel,
Consigo e com os outros, 
É duro ter ouvidos treinados ao sofrimento. 

Quem atua condena o outro, 
E sofre querendo parar de sofrer, 
Sofre pelo medo de sofrer, 
Sofre pois tem que sofrer.

Não nos livraremos do sofrimento, 
Não enquanto vida. 
E isso não é um convite ao suicídio, 
Pelo contrário, 
É um convite à vida. 

À vida sofrida, 
Essa de humanos de carne e osso, 
De luta, de disputa e de tempo.
Essa única que é bela aqui e agora,
Afinal, não há outra que possa ser. 

Espero muito o derreter dessas máscaras de argila, 
Para que na real companhia, 
A gente se descubra, 
E viva o céu ou o inferno, 
O eterno ou o tempo.

A máscara que se desfaz, 
Dá espaço a alegria ou a tristeza. 
Ao amor e ao ódio. 
Que sofridos, serão sempre mais vivos. 
Morre o atuante. 
Nasce a companhia. 

2 de dez. de 2022

Rancor

Você é um grande nada

Um projeto que falhou

A expressão do meu medo


Ninguém suporta mais seu nome,

Nem os ouvidos,

E nem a minha fala.


É sempre sobre você, 

Sobre como ocupa um espaço enorme, 

Mas não é nada. 

É só um vazio. 


Um vazio. 


De sonho, de sentimento, 

De idealizações, de segredos, 

Confiança, amor, afeto. 


Você é o terremoto sem terra. 

Uma capacidade destrutiva incrível, 

Mas sem materialidade alguma. 


Você é um passado intangível, 

E um futuro demencial. 


Maldito seja. 

22 de nov. de 2022

Passe.

As mensagens são fáceis de serem excluídas,

Troca o chip,

Muda o app,

Fecha conta.


Mas a memórias são assassinas. 

Te perseguindo sozinho, de forma cruel. 

Machucando aos poucos, 

Enquanto você clama por socorro, 

Sem ninguém ouvir. 


A lembrança é tortura,

É a história que não se apaga.

Feliz aquele que tem boa faculdade do esquecimento.

Pois o não esquecer é cruel. 

20 de nov. de 2022

Casa suja

Você roubou minha capacidade de sonhar,
Pra nada. 

Mas não tem importância, 
Não é mesmo? 
Nada disso nunca teve sentido. 
Nem esteve sentido. 

Não há arquitetura que reforme, 
Nem sei se há motivo para reformar, 
Fazer novamente,
Só por fazer. 

Abandone minha memória, 
Eu imploro. 
Meu refúgio era minha cabeça. 

Porque você entrou, 
Mexeu, fuçou e arrumou, 
Mas nunca quis ficar, 
Essa casa agora cheira a você, 
E não consigo escapar. 

16 de nov. de 2022

Encurralado

Minha mente joga contra mim,
Toda vez que a carência bate, 
Ela quer você. 

Mesmo com todo afastamento,
As inúmeras vezes que te perdi, 
Os foras que você me deu,
Por mais que seja claro. 

Persiste o desejo, 
A memória que me trai, 
Do seu sorriso que esquenta meu coração, 
Mas o flagela na conduta. 

Retorno a um período mais juvenil, 
Depressivo, ressentido, 
Querendo ser escutado, 
Mas largado no escuro. 

Queria te extrair de mim, 
As memórias, os abraços, 
E a vida como ocorreu, 
Eu queria que tudo isso morresse. 
Bem como meu sentimento por você. 


3 de nov. de 2022

Exposição

No expor do meu sensível,
Esbarro em máscaras de pedra,
Corpos de argila. 

Não há mais almas entre nós. 

Não sei mais o que nos move, 
Deixa de Ser um fluxo de fluxo.
Um vazio assombroso no silêncio.

A máscara olha e parece esboçar sorriso, 
Ou é isso que quero acreditar. 
Mas não consigo abraçar a argila. 

Não há mais almas entre nós. 

O silêncio ecoa na razão.
Que resposta? Que resposta? 
Mas só há o nada. 
O ninguém. 
O abismo. 

29 de out. de 2022

Sucinto.

Se você soubesse

O tamanho da falta que o choro faz

Daria mais valor à lagrima derrubada.

10 de out. de 2022

Na própria cabeça.

Me aproveite hoje,

Não direi que estou cansado de esperar, 

Mas a grande verdade:

Há muito tempo espero. 

Tu sabes que é você. 

Ou eu diria, 

Você sabe que é a Ti que espero. 

Estarei sentado aqui,

Porque eu sei que quero estar contigo,

Mas só irei querer,

Quando você tiver a certeza.

A certeza de que quer estar comigo.

Pois eu penso que mereço isso. 

18 de set. de 2022

Chopin

Hoje ouvi Chopin,
Não lembrei de você, 
Depois de alguns minutos, 
Me toquei que não dói mais, 
E que eu também gosto de Chopin. 

Eu te amei muito mesmo,
Perseguindo minha própria cauda, 
Esse sentimento foi alegria e foi dor. 
Espero que você esteja bem, 
Nossas trilhas não se encontrarão. 

Dentro do meu solipcismo, 
Fico aqui numa espécie de tortura, 
De querer me aprochegar, 
Mas quem amei não existe mais. 

Agradeço tudo que me ensinou, 
Muito mais sobre mim do que sobre você, 
E mais uma vez, 
Talvez uma última lição... 
Eu gosto de Chopin. 

17 de set. de 2022

Mérito?

Estou cansado das dúvidas,
Não essas que são método, 
Da filosofia eu sei que não escapo. 
Mas, daquelas dúvidas de convivência.

Eu sei que não é uma questão de merecer, 
Mas, de alguma forma, 
Não creio mais que posso autorizar, 
As dúvidas, nesse sentido, machucam.

Eu sei bem o que eu quero, 
E sei que não é pedir demais, 
Que você também saiba. 

4 de set. de 2022

Cenas

Sei bem do que e como ocorre,

Talvez paranoia,

Mas suficiente para me enlouquecer.


Cansado de ser o amante, 

Eu quero gritar as minhas dores

No silêncio mais profundo 

Aquele que constrange, 

E assusta. 

Pois estamos apenas nas nossas cabeças. 


Eu que não sou, 

Preciso ser algo para deixar de ser. 

Alma essa que nem sei quem é, 

Assisto à aquilo que algo pensa, 

E encantado, me pergunto, 

Quem é esse que tanto me faz pensar? 


Esse que me olha encantado, 

Vem e some. 

Consegue ver beleza na minha dor, 

E isso me toca profundamente. 


Eu sequer me sinto pressionado, 

Surpreendido. 


As nostalgias me assombram, 

É de um escapismo grosseiro. 

Meu coração não sabe revolucionar. 


Me liberto das amarras das consequências, 

Da busca, infeliz, da felicidade, 

Desprendido de tanto atribuir valor, 

Me afasto. 

E tento ver de longe 

Esses mosaicos toscos. 


13 de jul. de 2022

Peter pan

Você se recusa a crescer. 

Não quer ser gente grande.

Não quer trabalho.

Quer pronto.

Troca o certo pelo duvidoso,

Troca o construir por uma casa esburacada,

Troca amor por prazer, 

Troca companhia por cascas vazias, 

Troca conversa por rede de jogos. 

Sempre escorregando, 

Sempre no escapadiço. 


Amor, 

O problema não sou eu. 

É você. 

Eu falhei.

Pra mim,
Você é a cura. 
Você é a falta. 
O amor, a saudade e o apego. 
O vício, a presença e o desespero. 
É o fim e também o meio. 
É a intenção e a finalidade,
Eu só penso em você. 
Você é o desejo e a decepção, 
Pois você é tudo, 
Menos efeito. 

3 de jul. de 2022

Falta.

É especialmente ruim

Ter seu sentimento concentrado

Sem valor retornado. 


Sua mente divaga em tudo, 

Em porquês que ela não suporta, 

Cria soluções para algo que nem é. 


O tempo não cura, não ameniza, 

Não corrói, não faz esquecer,

Pelo contrário, só piora tudo. 


Você vai entendendo sua fraqueza, 

Como bom fraco, desiste. 

Acredite, é um direito teu. 


Desejo se impõe. 

Enquanto isso, não há paz. 

Só falta. 


23 de abr. de 2022

Quebra de sigilo.

Eu vou quebrar meu silencio,
quebrar minhas expectativas,
quebrar teus argumentos.
Cansei de quebrar a cara.

Eu quero partir do zero,
tirar tudo a limpo.
Terei que te segurar firme,
pois você há de me ouvir.

Cansei dessa nossa forma de se ligar,
de se estragar em mensagens de madrugada.
Meu silencio quebrado, sem pressão,
só vamos tirar isso a limpo.

Me conte como você me quer,
afinal de contas, você sabe como eu te quero.
e acabamos com isso.

19 de abr. de 2022

Nem meia palavra

Nem sei o que pensar da tua ousadia
Dessa sua coragem desvairada, 
Desse teu papo narcisista.

É isso que sobrou,
Teu egoísmo barato. 

Ainda assim, 
É capaz de me assombrar,
Mas tomarei as rédeas da situação. 

Preciso urgentemente sair dessa alucinação, 
Dessa droga pesada que só é brisa ruim
Dessa bad trip. 

E para isso, meu bem. 
Serei fiel a mim. 
Não lhe devo nem sequer meia palavra. 

27 de mar. de 2022

"Responde!"

Ah, oi

Não foi nada não,

Eu ando com uns problemas aí,

Meio ferido, não sei bem explicar,

Preciso de um tempo sem falar com ninguém.

Mas relaxa, não tem nada a ver com você.


Ou sei lá, até tem,

É sobre você mas não é,

Tipo, até é,

Mas tu não tem nada a ver.


Não se preocupe comigo,

Eu ja me feri antes,

Ficou tudo bem. 

Mas sabe,

Não é que eu queira me afastar, 

Nem que você se afaste. 


Eu só sinto que penso demais, 

Está tudo uma bagunça aqui dentro. 

Hora eu me sinto abandonado,

Em outra, que abandonei.


Bem, me desculpa. 

Eu te amo. 

Mas não consigo falar agora. 

21 de fev. de 2022

(off) Devaneio

Uma grande maioria das poesias e textos que eu escrevo são motivados por alguém em especifico. Não sempre a mesma pessoa. Há algumas, que eu escrevi algo que só eu e a pessoa entenderiamos. Há outras que eu só vomito o que eu to sentindo, pois é a melhor forma de me expressar. 

E bem... 

Fico pensando se eu deveria o nome da pessoa em questão. (?) 

Ordem.

Um ato.
Vislumbro a potência, 
Anseio pela sua atualização. 

Receio ainda, 
Ter de advogar em meu próprio nome.
Como vítima, e réu. 
Sou eu, até mesmo, o crime. 

Há em mim toda a causa e efeito, 
Todo afeto e tentativa de previsão. 
Insatisfeito sem a devolutiva,
Recorro ao tribunal, 
Início de um processo. 

Temo a condenação e ser absolvido. 
Pois condeno-me. Me julgo. 
Não consigo me perdoar. 
Inocente eu não fui. 

O processo é grande, 
Me tira o sono,
Nem lembro a última vez que dormi bem, 
Noites sendo torturado, 
Aguardando a sentença. 

18 de fev. de 2022

Putrefazer

Nem sei mais como expressar minha tristeza.

As vezes me perco na solitude,

Vejo que gosto de estar sozinho,

Mas que não estou sozinho por opção.

Há quem esteja ocupado demais,

Há quem nem queira,

E ainda, há os problemas que eu sei que possuo.

É diferente estar sozinho querendo,

E estar sozinho sem querer.

é uma tortura viver nesse pêndulo.

Eu sei que me entrego demais, 

Que invisto demasiado tempo em quem não valoriza,

E pra que?

Estou farto de mim, 

Eu me canso só de começar a pensar,

Algo em mim morreu.


O julgamento alheio pesa em meus ombros, 

Não que seja de qualquer um, 

Quem importa machuca. 


Há algo na solidão que se assemelha ao abandono. 

Pois a solidão é contingente, 

O eco da companhia machuca a alma. 

Com um ruído que nem está mais lá. 


28 de jan. de 2022

Trapped

Minha mente congelou.
Só penso em você. 
Antes de dormir, quando acordo, 
Na hora de comer, 
De fazer planos, 
De me distrair. 
Você está sempre ali, 
Como uma ideia intrusiva
Prazeirosa.
É poderoso demais pra eu ignorar,
Deixar pra lá...
Quando vejo, estou ali, fixado em ti, 
Desejando cada parte que conheço, 
E querendo conhecer mais. 
Eu que me cuide. 

27 de jan. de 2022

Desmorona

Há dias que a saudade me abduz.

Me leva pra mundos onde você é virtual,

Na memória, você é agradável,

Nem parece esse canalha que se mostrou.

E a saudade clama pelo meu perdão.

Grita "perdoe-o".

E eu simplesmente quero dar o braço a torcer,

Esquecer, largar o rancor,

Pelo menos uma vez.

Mas não quero ser eu a tomar iniciativa.


Enquanto isso a saudade me consome,

Fez meu ódio evaporar, levou como uma brisa,

Devagar, não há mais nada tempestuoso,

Tudo sereno,

Só sobrou meu afeto,

Esse amor sem defesa. 

13 de jan. de 2022

Beleza.

Eu prometo transparência.

Mas é controverso,

Há coisas que eu não falo.

Não que seja um segredo, 

algo a esconder, omitir. 

É só que não fará diferença. 


É como a morte, 

Ou talvez eu seja fatalista. 

Mas não há o que eu diga que mude esse destino. 


Ainda assim, há o desejo de falar. 

De como eu o acho belo. 

Como minha noção de beleza mudou contigo,

Eu penso muito em você. 


Mas não direi nada. 

É bem possível que você saiba, 

Sem eu sequer dizer uma palavra. 


Eu te ouço, vejo suas fotos, 

Acompanho tua trajetória, 

teus ensaios, tua dor. 

Isso basta?

7 de jan. de 2022

Aflito.

É do medo que se trata,

esse que paralisa, que congela, que faz parar.

esse que antagoniza uma versão empobrecida de amar.


Nem sequer consigo respirar,

aflito pela ânsia de uma esperança vazia.


Pode ser um vislumbre,

e eu bem sei que estive nesse lugar antes.

me assusto em como vim parar aqui novamente,

no âmago, eu sinto estar errado.


O medo vira aflição ao amanhecer.

não há anjos há quem eu possa pedir refugio.

não há palavra que acalme meu peito.


O grito que não sai é simétrico à realidade.

"Essa tal de realidade."

as conversas solitárias mais frequentes,

talvez eu realmente não me encaixe nessa tal.

5 de jan. de 2022

Camus.

Desejar sentido à vida,

presos na imanência de um mundo apático,

e tentar, igual a barata tonta,

extrair um sentido.


Ocorre que sentido só objetos tem,

eles tem usos e finalidades.

pois bem, tu podes querer ser objeto.

ou sujeitar-se a apatia, 

ser o sujeito que resiste.


Também poderás enxergar que se acalmar tua busca,

por esse tal "sentido da vida",

terá mais tempo de sentir a vida.

e assim a vida terá sido cheia de sentidos,

sentidos, sentidos.


O "Eu" que busca sentido sofrerá,

sofrerá com os abusos à sua inteligência, se há,

sofrerá com o perceber o vazio, se perceber.

mas o eu que não acreditou nessa historia de sentido,

esse vive bem.