Musicas

25 de dez. de 2019

Mais nada.

Eu te amo. 
Te amo por nada. 
Nadinha. 

É só o fato de você estar aí, 
E eu aqui, e nós juntos. 

Mais nada. 

Eu sei que você não me fez nada, 
Mas é especificamente no seu jeito que eu me alegro, 
Você sem fazer nada já é o bastante. 

Não quero e nem espero que me bajule, 
Que me mime. Nada. 
É justamente o seu nada que eu amo. 

Você não precisa se esforçar pelo meu amor. 
Eu te amo. E só. 
Mais nada. 

24 de dez. de 2019

Sintaxe

As vezes eu preciso me trancar no meu quarto e pensar que estou fazendo falta pra alguém. Difícil é lidar com a sensação de não estar. Sentir que você é indiferente na vida das pessoas que você ama é doloroso.
Parece um hábito infeliz, mas é que quando eu olho pra minha vida eu sinto a falta de tanta gente. É confuso isso de viver sozinho, ser um indivíduo que existe além do outro. Eu não tenho noção de quem seria eu sem que houvesse um outro significativo. Talvez seja esse o buraco, é que ninguém é nada se não for para o outro.
O hábito de se procurar no outro é dado na minha expressão de isolamento, mas também é dada conforme você conversa com alguém, fala sobre seu dia e espera uma posição, um vislumbre, algum dado do outro que acrescente algum significado a sua voz. 
O cruel é que somos viciados em significados.

18 de dez. de 2019

Fica, vai.

Se você for eu choro.
Não ligo. 
Eu chorarei sozinho para eu mesmo escutar. 
Sabe? Sozinho. 
Sem ninguém. 

Mas não vai não, 
Eu quero que você fique. 
Se você ficar, eu te faço cafuné, 
Ou uma massagem. 
Que seja. 

17 de dez. de 2019

Burrice.

O problema é que eu te procuro em outros,
Eu procuro os seus gostos, 
Sua voz, seu cheiro, seu olhar, 
Seus gestos, suas mãos, seu abraço, 
Sua boca, seu sorriso, seu beijo, 
Teu corpo, tua alma. 

Em tantos procurei, 
Mas é só você que faz meu coração bater, 
Sem saber ser discreto. 

O grave é que você não me quer, 
Me sinto completamente impotente. 
Ainda não consigo abandonar esse sentimento. 

29 de out. de 2019

Um sopro niilista

O tempo passa e percebemos,
Que as coisas mais pífias da infância, 
Vão se tornando cada vez mais raras. 

O tempo passa e percebemos, 
Que talvez a nossa memória nos sabote, 
Que a infancia cadecia de estratégias, 
De faculdades de pensamento, 
De competência. 
De amizades verdadeiras. 

O tempo passa e percebemos, 
Que a nossa mente preserva o bom, 
Pra nos convencer a continuar. 

O tempo passa e percebemos, 
O quanto o tempo dói, 
E o quanto as pessoas o desejam, 
Desejam que o presente se destrua, 
Em nome de um futuro prometido, 
Um além longe daqui. 

O tempo passa e falecemos. 
Deixando memórias a outros, 
Que ficarão aqui.

O tempo passa e nos esquecem. 
E assim, a finitude fez uma existência.
Inúmeras existências se foram. 
Algumas estatísticas da história, 
Outras guardamos na memória. 

Quero conhecer a heroína atrevida, 
Que no decorrer de sua vida, 
Escolheu não que o tempo passasse, 
Mas que permanecesse,
Não em memória, em ato. 
Não em palavras, em ato. 
Não na alma, mas em ato. 
Eu quero conhecer a dita cuja, 
Que petrifica o tempo, tornando-o eterno, 
Na vida de quem a reconhece. 

O tempo passa, e a gente esquece. 
Que a vida passa. 
E a gente... 
Perece. 

28 de out. de 2019

Morreremos

Morreremos.
Todos. Um a um, ano após ano. 
Não retornaremos a esse mundo. 
Todos. Todos.

Da formiga que você pisa sem ligar, 
Esse inseto, pequeno. 
Até a maior das sequoias. 
A lula gigante dos mares. 

Morrerão cada folha de grama, 
Cada abelha, cada mosca. 
Os peixes do aquario, 
Os animais do zoológico. 

Os morcegos hão de morrer. 
Os passaros, os gatos, os cães. 
Seu filho, seus irmãos, seus pais.
Seu amado, seu amor... Você. 
Eu. 

Morreremos.

Talvez seja justa a pergunta:
Por que? 
Mas antes dessa, outra:
Por que manter vivo algo que nasce sem razão? 
Sem pedir, sem querer. 

Nascemos sem pedir,
Existimos na medida em que estamos, 
E morremos sem querer. 
Como se nunca houvessemos existido. 

Morrerão as estrelas, 
Galáxias serão engolidas. 
Lembranças serão esquecidas. 
Mas é isso. 

Viveremos até morrer, 
E morreremos. Uma vez só. 

Morrerão egos, sociedades, 
Doenças, casamentos, valores, 
Tudo será menos que pó. 

Eis a chance de existir...
E conviver com o fato:
Morreremos. 

27 de out. de 2019

Quando alguém se vai.

Ainda me lembro de quando conversavamos sobre tudo,
Quando você ainda respondia minhas mensagens. 

Sempre tenho que conviver com minhas decisões. 
Meu amigo querido, 
Me diga se errei em contar contigo? 
São meses checando o celular, 
Mas o vazio assombra meu futuro. 

Nem adianta dizer que me arrependo, 
Terei que carregar minhas lagrimas nas costas. 
Ja é noite e meu sossego nunca foi tão decadente. 

Eu sei que não há boa hora pra abandonar. 
Pra se despedir, pra um último adeus.
Mas se tu se for, 
Por favor, leve as nossas lembranças pra frente, 
O futuro será mais sombrio, 
Mais silencioso... 
Quando o celular não tocar. 

25 de out. de 2019

Nós cegos.

Minha vida acaba todos os dias.
Na calada da noite, ela suplica. 
Suplica força, e mesmo assim, 
Se esgota. 

Esse olhar calado, cansado, 
De tanto repetir as narrativas de dor, 
Agora descansa como se aceitasse a morte. 

A morte de cada instante, 
Uma morte vivificada. 
A morte dos laços que se estreitam.
Nós cegos. Rompem(os). 

A sobrevivência me força. 
Força essa que um dia se esgotará. 
Pelo menos, 
Eu espero. 


18 de out. de 2019

Sua Pele.

Me desligo das minhas razões,
Me dou a Ti. 

Agora você sabe o que fazer, 
Não se preocupe, não farei nada maldoso. 

Seu toque não me satura, 
Mas suas roupas são insuportáveis.
Arranque-as. 
Pra me saciar, só sua pele. 

Venha, suba em mim, 
Faça dessa carne mundana o receptáculo, 
Do seu tão desejado tato. 

Desmonte-me nos beijos, 
E toque essa alma viciosa. 
Eu quero o sabor, o cheiro. 
Quero deleitar em júbilo,
Regozijar dessa sua carne audaciosa.

Fossa

Alguma coisa eu vejo em você,
Algo que eu não consigo descrever, 
Nem sei como me sentir sobre isso, 
Parece que nem sei como viver sem você. 

Eu queria rir desse sentimento, 
Mas por hoje, lágrimas. 
Pois dessa fossa será difícil de sair. 
Do fundo do poço,
Qualquer sombra é esperança. 

Talvez eu tenha enlouquecido, 
Perdido completamente a sanidade. 

Não importa onde eu vá, 
O que eu diga ou que eu faça. 
Eu passo horas... 
E horas me passam. 

17 de out. de 2019

Tripas

Inúmeras vezes corações entregues.
Inúmeras vezes corações dilacerados. 
No humano, competência falta. 

Competencia pra tratar bem quem se entrega. 

Mas invertemos,
Exigimos do entregue que ele seja forte, 
Que faça das tripas, coração. 

14 de out. de 2019

...

Cansei de ter coração.
De pensar.
De querer.

Há em mim um buraco negro,
Na minha mente.
Me puxa muito forte,
Violenta.

Destrói significados um por um.
Deturpa sensações uma a uma.
Me fecha, me isola.
Me quebra.

Daqui quanto tempo será que isso passa?
Vai passar?
Me prometeram que vai passar...

1 de out. de 2019

Flash

Eu me faço pelos laços,
Os nós que eu não solto da garganta,
Sou aquela lembrança feliz que te frustra,
Frusta por sua vez.
Eu passo como ar em movimento...
Pra alguns,
Calmo como brisa,
Pra outros,
Furacão.

21 de set. de 2019

Águas

Você era oceano,
Mas me amava em conta gotas,
De tanto esperar...
Evaporou.
Me sobrou o deserto das memórias.
Areia que escorre nas mãos.
Pedras que se decomporam.

Eu talvez fosse rio,
Mas quis ser um tsunami.
De tanta força, sequei.
Sobrou só uma lama incontemplavel.
Daquela que puxa o pé de quem pisa.
Só causa ojeriza.
E só sobrou um pouco de água pra chorar.

17 de set. de 2019

Rascunho

Eu não sei me pintar,
De tanto corrigir,
Borraram.
E as bordas são manchas turvas.

Eu esqueci como me traçar,
De tanto fazer esboço,
Rasguei.
E agora tenho um furo pra lidar.

Eu nem sei mais contornar,
De tanto palpitarem,
Cansei,
Serei eu um desenho em branco?

7 de set. de 2019

Culpa

Culpa.
Ah, maldição cristã!
Eu abomino esse praguejar.
Ele pega, como uma doença incurável.
Onde a pena é de vida.
Conviver com o doloroso erro.
Esperar o perdão daquele que não se apresenta.
Aguardar, sempre temendo.
É a miséria de ser filho de Deus.

24 de ago. de 2019

Flor

Sou flor viva.
Sou espinho.
Sol e água, sol e água.
E um aroma de matar.

22 de ago. de 2019

Da transparência.

Corta o peito
Da vontade de berrar
To perdido
Enterrado vivo
Estou sendo observado
Através das paredes de vidro
Essas mesmo,
As que eu não quis pintar
Para não ser mais uma arte imunda,
Dessas que se realizam na miragem,
Eu quis fazer de mim, visceras.
Ásperas, disformes e amorfas.
Dessas que instigam,
Do hábito ao choque de conduta.
Daqui só me pergunto...
Quem está a me observar?

19 de ago. de 2019

Amor Canalha

Ja não aguento mais as narrativas contando como é difícil perdoar alguém ou até mesmo pedir perdão, seria clichê demais. Mas talvez por causa da tristeza ou de algo mais profundo que isso, me deparo hoje com uma coisa sobre o perdão que, honestamente, não desejo que ninguém se depare. Mesmo sabendo que quase todo mundo passa por isso.
Hoje, na verdade, há algum tempo eu descobri que não consigo me perdoar. Não é pra tudo, eu me perdoo quando o arroz queima, me perdoo quando eu esqueço uma torneira ligada. Mas eu não consigo perdoar eu ter tratado mal alguém que amo, mesmo que o amado me perdoe, eu não consigo.
É devastador sentir que (talvez) eu tenha dado causa a tristeza de alguém que, na minha cabeça, me causa alegria. Pior quando intencional. Pior quando duradouro. Pior quanto mais próximo. Pior a intensidade.
Dói a alma.
Eu peço desculpas mil vezes, peço desculpas até com o olhar, mas a verdade é que a dor de conviver com o próprio fracasso é intensa demais. Acho que eu prefiro lidar com erros meus do que colocar alguém amado em uma situação desagradável.
Acho que dói de mais dizer que amo quando fui um verdadeiro canalha.
Ah, como eu queria que a memória fosse mais falha, para esquecer o erro, mas não comete-lo denovo.

10 de ago. de 2019

Peso

Converso com as paredes,
Frias, me trazem segurança,
Tenho menos medo do mundo,
A luz acessa incomoda meus olhos,
A beira de um surto, tranquilo,
Pois sou eu o único a lidar,
Não serei um fardo a ninguém.
Eu nunca quis.
Mas parece que eu exijo demais,
Então é preciso ficar sozinho.
Essa alma pavorosa não assombrará ninguém.
Esse parasita imundo.
Esse péssimo amigo.
Esse verme desprezível.
Esse que vos fala, paredes.
Se cala perante o explendor do silêncio.
Do vazio.

16 de jul. de 2019

Tragédia

Meu coração ardia feito flama,
Queimava.
Dava pra ouvir os estalos.
Do ar expandindo energias.

Aos poucos virou brasa,
Laranja, incandescia, ainda quente.
Calma, aconchegante.
Uma boa companhia no frio.

Depois cinzas.
Com presença forte,
Atrapalhando tudo.
E sumindo aos poucos.

Dissonância

O coração que arde,
A garganta com sapo,
Os olhos inquietos,
As mãos tremulas,
Os dedos formigando,
O ombro pesa,
O pescoço tenso,
A expressão carregada,
As sobrancelhas levantam,
E o gosto de sal.

6 de jul. de 2019

Sofrimento

Molhado o rosto ocorre.
Linhas demarcadas salgam,
Agrava-se da dança do fogo
Que arde o peito.

Mundo que fere,
versus desejo que fortalece.

Reconheçamos a roda,
essa, que gira sem controlarmos,
essa, que grita nossos nomes,
cometendo a heresia de nos contar quem somos,
e ainda, mais dolorosamente, quem devemos ser.

Vozes desalmadas!
Não há alma que eu possa enxergar,
Só enxergo corpos que matracam,
balbuciam mentiras incontáveis,
travestidas de verdades ambulantes.

Um animal, que era puro desejo,
passa a ser "Eu",
na medida em que nega o mundo que lhe falta,
para dar conta de responder a tantos gritos.
Gritos desalmados.
Discursos que nos moldam.

Angustia!
Angustia pois dói,
dói saber que poderia ser diferente,
mas os recursos civilizatórios não se esgotam,
e essa guerra jamais terminará,
enquanto vida, tempo de sofrimento.

Guerra do animal que tem desejos.
Mas com um mundo que o Frustra incessantemente,
e que não sai de sua frente,
até a morte.

3 de jul. de 2019

Ele passa.

Átomos!
Átomos e vazio.

Vazio para que os átomos transitem,
Átomos na imanencia da nossa percepção,
Que aparentam estar parados,
E que tentamos flagra-los com simbolos,
Palavras, gestos, expressões.
Mas o vazio nos sabota.

Na imanencia dos átomos,
Não há nada que possa ser,
Tudo deixa de ser, transita, muta-se.
Se destrói, se deteriora,
Se transmuta, deixa de ser,
Para apenas estar...
Por um breve instante na nossa percepção.

Instantes que também modificam a percepção.
De mundos tristes e alegres.
De mundos que são belos,
E mundos que não desejamos assistir.

Graças a isso,
Do que posso falar sobre um sentimento fugaz?
Desse que brota em minha constituição atômica...
Quando o mundo que percebo o circunscreve?
Posso dizer que no instante que o percebi, amei.
Desejei. Enrijeci.
Bem como eu queria que o mundo enrijecesse.

Ah! Vazio ingrato!
Como podes putrefar a beleza?!
A beleza do instante que percebido por mim,
Me causa a demanda do toque,
Como eu queria adentrar esse instante,
Que vazio, me esvazia das dores.
Que vazio, me ameniza do passar do tempo.
Mas que por ser átomo,
Tem efeito em meu corpo.

Ah mundo!
Como pode ser que este que no vazio me enche,
Não me preencha internamente,
Vislumbro de longe os olhares cruzando.
E lamento,
Pelo instante que acaba de passar.

E na sequência inexplicável,
Espero, sempre temendo,
Essa manifestação mais bela dos átomos
imanente a minha percepção,
Do mundo da carne...
E como é duro esperar.

2 de jul. de 2019

Do tesão.

De que vale se apaixonar?
Se teu amor não será.
Pois apaixonar-se pela eternidade...
De algo terreno, vadio.
É como lascar-se num espelho,
Manchando tudo de vermelho,
E estragar sua imagem.
Que seja pouco, que seja hoje.
Mas que seja, em alguma medida,
Verdadeiro.

29 de jun. de 2019

Só reflexo

O espirito cansado vislumbra espelhos,
A fadiga da reflexão apodrece a imagem,
Perceber-se com linhas mais profundas,
Encolhidas, distantes.
O olhar dança nos braços do temor.
Não se respeita.
Se vinga.
Atira pedras para cima...
E espera cair.

21 de jun. de 2019

Forte


Forte


A vida que grita, berra, 
que se sustenta ao brigar com o mundo,
a forçar-se a existir numa eterna agressão.

Essa estará sozinha sempre que possível,
pois não há como coexistir com alguém que te devora,
vós, fracos conseguem bandear-se
na medida em que descobrem fracos como vós.

Mas o forte, esse é solitário, independente.
Vós, ora Corja, 
Vós, ora Estado,
Vós fracos, decadentes,
Uni-vos pra suportar essa patética vida.

Malditos sejam esses que tem pouca força,
esses que se unem para destruir,
esses homens que são a própria face da desgraça.

De dor e sofrimento viverá aquele que encontra o mundo,
mas aquele que se une a outro para enfrentar o mundo...
 esse viverá também com os frutos da sua vergonha,
esse é o que há de mais excrementoso na batalha da vida.

Pois o mundo nos fez intimamente solitários
e forte é aquele que sabe bem a solidão que possui.
Ser solitário não é um problema,
ser fraco é.

Então tolos, unam-se com teus laços de dinamite,
detonem suas mentes vazias com suas verdades cretinas.
Quem não tem força está fadado ao fracasso.

Quem conhece bem sua própria solidão não arrebenta,
É melhor vagar sozinho do que se sujar com essa imundice.
Pois quem é forte sabe bem a dor que precisa enfrentar.

20 de jun. de 2019

Passageiro.

Escorre como areia das mãos,
Você tenta segurar,
Atravessa.
Transfigura.
É efêmero.

Quando você se dá conta,
Ja foi, acabou.
Pode acabar por estar cansado,
Buscar o escapadiço corrói.
Consegue ferir a mais impenetravel alma.

15 de jun. de 2019

Ele vem.

Ele bate sua porta.
Você, completamente distraído,
Cansado de ficar sozinho,
De não receber visitas...
Ja até imagina quem é.

Ele bate sua porta.
Sempre acerta a hora,
Vem justo quando você precisa dele,
Talvez por que sempre precisamos,
Não dele apenas,
Mas de companhia,
Não dessas que se cumprimenta,
Mas sim, as que te acompanham,
De corpo, de mente e coração.

Ele bate sua porta
Pede para entrar
As vezes, até diz que sentiu saudades.
Ele sabe que você o admira,
Que flerta com ele.
Você o olha pelo olho da porta.
É sua dúvida primogênita.

Todos acham que você o encontra no bar,
Salvam-se em igrejas.
Discutem-no nas escolas.
Sentem-no quando alguém morre.
Mas...
O Suicídio...
Ele bate a sua porta,
E ele pede pra entrar.

Mais uma vez maquiavélico.

Mais uma vez escrevendo sobre coisas que se passam na cabeça, eu imagino que muita gente imagine uma estrategia elaborada de dar ordem a um texto, a uma narrativa, não sei se faço-o assim.
Tenho preguiça das imaginações sobre o que seria ordem, são todas uma bela maneira de mostrar como a arte pode ser mal feita. Mal costurada. Mal vivida.
Ordem, que coisa ridícula. Inventaram o mais terrível dos deuses, a ordem. A mais frutífera das árvores do jardim do éden : a ordem.
Devo admitir sem hesitar: os humanos são verdadeiros suicidas a todo momento. O mais interessante é que negam a vida afirmando sempre um estilo dessa própria, acreditando serem inéditos em suas estratégias de vivê-la, ou até mesmo querendo preservar costumes.
Tenho raiva dos humanos. Ódio. Eu adoraria que todos nós morressemos. Pois somos a parte mais podre desse mundo. Somos eu e você suicidas que não tem a coragem de matar o corpo, então nos matamos nas ideias.
Nos matamos em olhares tortos, vozes graves, sinais de mão, até nos amores: com quem queremos foder, com quem queremos dividir o pão. Tudo em detrimento do corpo, por mais que tentemos nega-lo. E há corpos que vencem e corpos que perdem. Odiamos o que vencem por que é chato perder e odiamos os perdedores por termos sidos ensinados muito bem a odiá-los. É ciclico. Imbecil.
Mas ainda cabe a imaginação do humano negar isso, e fingir que não ocorre, que há outra forma, mas essa, sempre preservando vencedores e perdedores.

8 de jun. de 2019

Remetente.

Viver o resto da vida,
Com isso,
Pra chorar sozinho,
Pra estar nessa sozinho.
Dor.
Dor.
Dor.
Muita dor.
E não há ninguém pra pedir socorro.
Conviva com isso, mortal.
Até que a morte o separe.

18 de mai. de 2019

Sober.

Quando você está tão louco, tão drogado que tudo parece tão ruim a ponto de fazer sentido. Tudo o que você quer é um amigo que te alivie e diga que está tudo bem.
Que essa dor é fruto da sua imaginação, que a realidade é boa. Mesmo que seja mentira, viver sem dores inside é melhor do que acreditar numa verdade sóbria.

Cutucada na ferida.

Sabe esse coração triste e dilacerado de tanto amar de forma apegada? Sinto lhe informar, não há o que possa curar essa dor irremediavel, corrói até sangrar.
Não há cura por que o objeto de seu amor não retornará a seu ideal original nem que ele mude de ideia, mas provavelmente isso não ocorrerá.
Amar não deveria buscar nada e absolutamente nada em troca. Gratuitamente amar alguém é entender que a morte chegará antes que a resposta do outro seja possível.
Isso parece doloroso de se entender.

26 de mar. de 2019

Me sinto só.
Sinto tanto que dói.
E não há com quem falar,
E isso machuca,
Passar só, sozinho.
É triste.

20 de mar. de 2019

Boas intenções?

Talvez haja uma grande vontade de cuidar do próximo. Uma preocupação e uma esperança de que a vida do próximo vai dar certo para o próximo, tenho a nitida impressão de que a maioria pensa e age assim, o problema é que a vida é curta demais para conseguirmos entender a diferença entre eu e o outro, a ponto de perceber que o outro tem significados diferentes para as palavras "cuidar, dar certo“ e com isso, nascem as fofocas, ocorrem as desavenças, egos feridos.
Cuidar do próximo sem saber o que se passa pela cabeça dessa pessoa é como tentar encontrar algo no escuro, pode ser que dê certo, mas é muito difícil.
Quando digo que não da tempo, é por que precisariamos aprender a ouvir verdadeiramente o outro, entender o que ele quis dizer e responder de forma clara, e parece que há um buraco imenso nesse tipo de compreensão, não é só linguagem e afeto, é também o choque entre duas mentes complexas e mal conhecidas até por si próprias.
Então, como é que poderiamos melhorar a humanidade em cuidar da vida alheia?
Há muitas formas, e são tão diversas, mas parece que há nitidamente uma coisa em comum entre todas: o outro deve deixar você cuidar dele para virar um cuidado, um conselho, um presente, caso contrário, pode virar um moralismo, uma implicância, um deboche.
Todos nós precisamos de ajuda, cuidados e conselhos. Cada um em uma intensidade e tempo diferentes, mas se não precisássemos, não haveria sociedade e nem estado.
Mas isso é tão difícil de se compreender que cada vez mais é comum ver médicos que não gostam de curar pacientes, professores que não se preocupam em ensinar alunos, familiares que abandonam seus entes queridos. A vida de forma geral está se tornando insuportável, cansativa e sem muita esperança.
Nem estou citando desafortunados, pessoas que não tiveram chance de trilhar outra vida, o exemplo dos médicos é grave e ilustra bem o que estou querendo apontar, pensa na dificuldade que existe em cursar medicina pra fazer algo que não se tem o menor prazer... Estamos vendendo não só o nosso tempo, estamos vendendo nossos afetos.
Mas há aqui outra dificuldade, esse texto ja é uma tentativa de cuidar do próximo, mas parece que não é a melhor forma ainda.  Parece um julgamento externo, como se eu não me enxergasse dentro do problema, ou o inverso, como se eu estivesse pegando um problema meu e transpondo no outro. Não é nada disso, a mensagem pode ser mais simples: há varias maneiras de cuidar, poucas são pensadas, então deveriamos focar em encontrar uma forma própria de cuidar do proximo e que seja prazeirosa, pois, fofoca, por exemplo, é destrutivo, ter alunos e não ter vontade de ensinar, também é destrutivo, percebe? É fácil ter boas intenções e na prática ser destrutivo. "de boas intenções o inferno está cheio"

10 de jan. de 2019

14

Eu amo tanto ele.
Eu amo tanto que dói a alma.
Que sei lá...
Amo muito, eu nem tenho palavras.
Mas meu amor não o afeta.
Isso me machuca muito.
Finjo que não é comigo.
Acabo fingindo que não amo.
Não mando mensagem,
Não o digo todos os dias o quanto amo.
Pois não fará diferença.
Mesmo eu querendo...
Declarar-me cotidianamente,
Pois eu me sinto honrado,
De participar de um mundo com ele,
De poder ve-lo, ouvi-lo.
Abraçá-lo.
Eu estou completamente entregue a ele.
Completamente disposto.

Mas o meu amor não o afeta.

Isso é uma merda.